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Presidente
IAPMEI

Entrevista Francisco Sá - IAPMEI

Em 2022, a APEE - Associação Portuguesa de Ética Empresarial organiza a 1.ª edição da ESG WEEK, uma iniciativa que promove o debate dos grandes temas da Sustentabilidade, enquadrados no domínio ESG – Environmental, Social, Governance. 

No âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 das Nações Unidas e da transformação dos modelos de negócio tradicionais para a integração de temas ESG nos processos de tomada de decisão, reveste-se de especial importância uma iniciativa como esta, que envolve entidades cujo trabalho efetivo em matéria de Sustentabilidade é evidente.

O IAPMEI e a EEN associam-se à ESG WEEK 2022, coorganizando a conferência” Finanças Sustentáveis: Mais um Desafio para as PME” no dia 17 de maio às 14h30.

Em entrevista, Francisco Sá, Presidente do IAPMEI, afirma que “Sabemos que algumas empresas, especialmente as maiores, já estão a fazer o seu caminho neste sentido com a incorporação de valores ESG nas suas metas de gestão, antecipando as tendências do regulador, mas é fundamental assegurar que as PME, especialmente as exportadoras, que se inserem em cadeias de valor globais, estão preparadas para se manterem competitivas neste esforço de convergência que é urgente fazer.

APEE- Quais as razões que levam o IAPMEI e a Europe Enterprise Network a associarem-se à ESG WEEK 2022?

FS- Numa altura em que o quadro regulatório associado aos compromissos da agenda mundial para a sustentabilidade está em preparação e quando Portugal acolhe uma reunião internacional para desenho da futura Norma de Finanças Sustentáveis, torna-se imperativo sinalizar o tema e alertar as empresas e agentes económicos para a mudança de paradigma económico-financeiro que está em cima da mesa e que vai afetar necessariamente a forma como irão desenvolver a sua atividade e o seu relacionamento com o mercado na próxima década.

É fundamental que as empresas percebam que as práticas de sustentabilidade vão deixar de ser uma opção para passarem a ser uma necessidade competitiva, que deve estar no topo das suas prioridades, qualquer que seja a sua dimensão, e que os resultados das suas atividades vão passar a ser avaliados também pela forma como contribuem para um crescimento ambiental e socialmente responsável.

Sabemos que algumas empresas, especialmente as maiores, já estão a fazer o seu caminho neste sentido com a incorporação de valores ESG nas suas metas de gestão, antecipando as tendências do regulador, mas é fundamental assegurar que as PME, especialmente as exportadoras, que se inserem em cadeias de valor globais, estão preparadas para se manterem competitivas neste esforço de convergência que é urgente fazer.

APEE - Quais as suas expectativas relativamente a esta iniciativa, nomeadamente do ponto de vista de reporting ESG?

FS - Nesta caminhada global para a sustentabilidade, a evolução para um quadro de finanças sustentáveis é natural. 

Os fatores ESG – Ambiente, Social e Governação vão tornar-se conceitos comuns para as instituições financeiras na avaliação dos seus investimentos e estes critérios vão passar a complementar a avaliação financeira do risco, com impactos diretos nos custos do dinheiro em termos de crédito.

E isto não vai acontecer só na banca, também todas as grandes empresas vão começar a usar critérios ESG para selecionar as suas redes de fornecedores e clientes.

Por tudo isto, contribuir para facilitar a aproximação entre financiadores e empresas é prioritário para o IAPMEI. É muito importante poder perceber onde cada um está e o que espera do outro, no novo quadro de atuação e de como em conjunto se podem alinhar estratégias que tragam vantagens para todas as partes na gestão deste desafio que é comum, sem pôr em risco a competitividade das nossas empresas e o seu esforço de afirmação em mercados externos.

APEE - Quais os desafios com que se deparam as PME, no que diz respeito a Finanças Sustentáveis?

FS- O principal desafio para as PME é a tomada de consciência de que o processo de transição para uma economia baseada nos valores da sustentabilidade não é só para os outros. Quem já tem caminho feito neste domínio tem vantagens óbvias na sua relação com o mercado, em geral, e o sistema financeiro em particular.

Para as empresas que ainda não iniciaram o seu percurso de convergência, especialmente no segmento exportador, é fundamental perceberem o que é que está em causa e que é urgente a introdução de referenciais ESG nas suas estratégias de negócio, para continuarem a viabilizar a sua presença nas cadeias de fornecimento internacionais. 

E acima de tudo estarem abertas à partilha de informação e conhecimento e à aprendizagem com quem já tem experiência e se encontra numa fase mais avançada do processo.

Com esta preocupação, temos vindo a incentivar redes de discussão e partilha de boas práticas entre empresas com forte vocação exportadora, que pretendemos agora alargar a outros segmentos, em formatos adaptados às necessidades de grupos empresariais específicos, porque acreditamos que juntos podemos andar mais depressa.

APEE - No que concerne a Sustentabilidade, que aspetos destacaria em termos de agenda para 2022?

FS- Em primeiro lugar, o alinhamento dos apoios estruturais disponíveis, designadamente do PRR e do novo quadro comunitário de apoio PT2030, que vão mobilizar uma parte importante dos recursos financeiros alocados por Portugal para apoio ao investimento sustentável durante este e os próximos anos.

Paralelamente, consideramos que é fundamental investir em instrumentos de banda larga que possam ajudar o maior número de empresas a planear a sua transição para práticas de gestão sustentável e já estamos a fazê-lo. O foco vai ser um plano de atividades integradas de sensibilização, diagnóstico e capacitação de empresas e agentes da envolvente, que estamos a desenvolver em colaboração com um conjunto de parceiros com quem temos vindo a trabalhar estes temas.

APEE - Que mensagem final deixa aos seus stakeholders em matéria de ESG?

FS- O processo de transição para uma economia baseada nos valores ESG é uma corrida de fundo, onde todos os atores, públicos ou privados, são chamados a contribuir, individual e coletivamente.

E nestes casos, a atuação em rede pode fazer a diferença para se criar sinergias, ganhar escala e chegar mais rapidamente a resultados.

O IAPMEI acredita nisto e tudo fará para unir empresas, financiadores, associações empresariais, clusters, a academia, e outros agentes da envolvente empresarial, neste esforço partilhado que é de todos e simultaneamente de cada um.